SE VOCÊ SENTIR SAUDADES


De que adianta ter o mundo
Se não há ninguém pra compartilhar
Se não há ninguém pra dividir o mesmo por do sol
Se não há ninguém pra se molhar na mesma chuva
Se não ninguém pra sentir a mesma brisa
Se não há ninguém pra desfrutar dos mesmos cheiros
Se não há ninguém pra trocar um olhar
Ou de retribuir um gesto de carinho
Se não há ninguém pra se sentir saudades
E que mantenha seu coração forte
Com a esperança de que um dia
Essa saudade se transforme em sorrisos
Ao invés de lagrima
Que transforme seu outono em primavera
E que faça faltar o ar
E que tire os seus pés do chão
E mostre todas as estrelas do Universo
Me faça acreditar
Que ainda existe essa pessôa
Essa pessoa unica
A unica pessoa que me deixa em paz
E ao mesmo tempo eufórica
Que me faz lembrar que ainda tenho um coração batendo no meu peito
E que esse coração pertence a você
Qual a graça do mundo sem você
Risos não são mais comuns
Lembranças não são mais constantes
A saudade aumenta a cada dia
Assim como o meu amor
Deixei que o vento soprasse
Pra que ouvisse sua voz
Deixei que o sol me queimasse
Pra sentir o seu calor
Deixei que a chuva me molhasse
Pra sentir você chorar
E compartilhar da sua dor
Deixei que a Lua me levasse
Como se você me olhasse
E me fizesse sorrir
Deito-me
Como se fosse no seu colo
Esperando sua mão tocar no meu rosto
Sinto você tão perto
Como se eu pudesse te abraçar
Se você sentir saudades
Soprarei minha voz no vento pra você me ouvir...

HÁ UM MOMENTO EM QUE NOS DESCOBRIMOS

Há um momento em que nos descobrimos
mentirosos e inúteis, e arrependidos;
mas andamos tanto que seria impossivel
retroceder; então seguimos em frente;
mas já não mentimos, apenas seguimos;
os frágeis músculos esmurram sombras insistentes,
que nos escarnecem; partida
a taça derrama seu fel, e o sorvemos;
a embriaguez é rápida, e a prolongamos
até onde dure, e não dura muito.
Sabe o fel ao mais suave dos licores.
A excomunhãopermite avanços
por caminhos outros, outros atalhos
na noite, onde esvoaçam pássaros
pressurosos de ir-se; são as mensagens
mas não as mandamos; delas
somos apenas o invólucro, a errante
prisão, a queixa latente e inútil
como um grito na morte.

Telmo Padilha